sábado, 19 de janeiro de 2008

Entretenimento na Vila Irmã Dulce


A Vila Irmã Dulce convive com vários problemas sociais, sendo a carência para o lazer um deles. A opção de entretenimento para os habitantes da maior vila da América Latina encontra-se nos bares existentes e nas poucas quadras de esporte. O que poucos sabem é que a vila possui potencial ainda não aproveitável com a existência de nascentes ao redor. Mas a população se interage quando ocorrem as festas de preços populares e os campeonatos dos times de futebol.
Nossa chegada na vila ocorreu por volta das oito horas da manhã, num dia frio sem a presença de raios solares. Reunimos-nos na quadra Poliesportiva Deputada Francisca Trindade, contabilizando vinte e três estudantes de jornalismo, nosso professor e duas líderes comunitárias. Tratava-se de Marta Célia, (coordenadora de saúde) e Neguinha (presidente da Associação dos Moradores).
A primeira visita que fizemos foi na rádio comunitária Regional Sul, que apresenta a freqüência 100,03 MHz e possui sintonia apenas na vila. Estava no ar um programa tipicamente nordestino, com músicas sertanejas e de forró. O locutor chamava-se Rodrigues que em momentos imitava um boi ao microfone, abandonando de certa forma o tradicional. Fomos concebidos a uma entrevista ao vivo e ainda ousamos fazer um pedido de música.
A Regional Sul existe há cinco anos e apresenta atualmente seis programas. A rádio funciona 24h e possui participações ao vivo diariamente. Segundo Rodrigues, a população da vila prefere as canções internacionais e os forrós lideram os pedidos. A manutenção da Regional Sul só é possível com a ajuda dos comerciantes, já que a mesma não possui ajuda do governo e a ajuda da prefeitura é muito pouca. Assim, as despesas são pagas, como aluguel, água, luz e outros serviços.
Ao sairmos da rádio fomos conhecer as nascentes existentes nas proximidades. Próximo delas algumas crianças catava lixo, que não deveria está no local. Sempre há comunicados para não jogarem lixos perto das nascentes, mas a população infelizmente não respeita. As queimadas próximas também são freqüentes, o que já prejudica a qualidade da água. Perto das nascentes há uma lagoa formada, existindo algumas espécies de peixes. Futuramente a piscicultura estará presente no local, afirma Rodrigues, que fez questão de nos acompanhar e luta pela preservação do ambiente.
Locais como este na Vila Irmã Dulce poderiam ser transformados em pequenos parques ambientais desenvolvendo atividades para a comunidade. Sem esquecer que em alguns ambientes há uma formação de belas paisagens e presença de aves dificilmente vistas, como o gavião.
A vila possui diversos bares onde se formam os famosos pontos de encontro de amigos. Um dos bares com nome curioso chama-se “Point da Schin”, que oferece serestas em quase todos os fins de semana e possui TV a cabo para agradar ainda mais seus clientes, afastando de certa forma, a concorrência.
O bar Bom Dia tem como proprietário um simpático senhor chamado Egídio Elias. Uma vez por mês há festas no bar onde a entrada custa somente R$ 2,00 para homens e as mulheres estão fora do pagamento. “As cervejas mais consumidas são kaiser e Schin”, afirma seu Egídio, possivelmente por serem as cervejas mais baratas na região. Edinaldo de Sousa, cliente fiel do bar, não perde uma festa, “mulher aqui dá muito mais que homem nesses dias”, afirma.
A festa mais tradicional do Bom Dia ocorre todo mês de maio, por ser o mês de aniversário do proprietário. O nome do bar foi o que nos deixou com bastante curiosidade. Seu Egídio nos contou que quando morava em São Paulo era comerciante e passava sempre numa padaria antes de ir trabalhar, o nome? Bom dia, aí o fato do surgimento.
Há outros points na Irmã Dulce, como o Bom Clima, que se encontra com festas paralisadas e a danceteria K’Dance, local para os que curtem reggae. Mas os bailes da K’Dance apresentam muitas discussões, pois funcionam como ponto de encontro de três grupos rivais. “Não há segurança e o local é desapropriado podendo gerar muitas brigas”, afirma a líder comunitária Marta Célia.
Outra opção de lazer na vila é o esporte, mesmo possuindo apenas três quadras e um campo de futebol. Das três existentes apenas uma é coberta e chama-se Deputada Francisca Trindade. As outras se encontram no João Hélder e no Raimundo Nonato. Há quinze dias outro campo começou a ser construído sem previsão para inauguração e a vila não possui ainda nenhuma praça.
Em um dos campos de futebol, que não apresenta gramado, encontramos Maria do Rosário que coordena uma escolhinha. A escola foi fundada em sete de novembro de 2000. No início possuía 65 meninos e hoje eles estão numa faixa de 27. Os treinos ocorrem três vezes por semana, nas terças, quintas e sábados. Entre os maiores problemas estão a falta de documentação da maioria dos alunos, um campo desapropriado e carência de material, como bola, e principalmente o calçado, já que a maioria joga descalço, “aqui ninguém ajuda ninguém”, completa dona Rosário.
Um dos alunos da escola chama-se Alisson Daniel, um dos que estava descalço no momento da visita. Ele mora numa das principais avenidas da Vila (Avenida Francisco de Assis Garcia) e um dos seus ídolos é o Ronaldinho. Seus pais não brigam pela prática do esporte, mas ele deixa bem claro que o estudo deve ficar em primeiro lugar. O estudante joga há quatro anos e tivemos que parar de fazer perguntas, pois o relógio marcava oito horas e dezessete minutos, e o treinamento tinha que começar.
Há 11 times de futebol na vila e existem campeonatos nas seguintes categorias: sub-16, sub-17, adultos e das mulheres. O campeonato feminino possui seis times e os jogos são realizados no Ginásio Poliesportivo Francisca Trindade. Todos os jogos são muito assistidos pelos moradores, inclusive os femininos que possuem até torcidas organizadas.
Entre os projetos existentes no bairro há a presença do programa Federal 2° Tempo. Ele é gerenciado no estado pelo Fundo Municipal de Desenvolvimento do Esporte e Lazer (FUNDESP) e atende aproximadamente 200 crianças, funcionando nas segundas, quartas e sextas. Os jovens só podem participar do programa em turnos opostos do horário da escola. Além dos esportes tradicionais como vôlei, futebol, handball e atletismo há momentos também para o xadrez e o jogo de damas. Os alunos do 2° Tempo também possuem reforço escolar.
Muitos já se destacaram no projeto participando da Olimpíada da Caixa. No primeiro ano houve apenas uma premiação, no segundo cinco e no terceiro os prêmios chegaram a 12. Todos os alunos são ajudados por monitores que fazem os cursos de pedagogia, auxiliando no reforço escolar ou de educação física, para as práticas esportivas.
Estes são apenas alguns lados da Vila Irmã Dulce, que necessita de maiores opções de lazer para a população. O fato da inexistência de praças, por exemplo, ocorreu pela falta de projetos inicias, já que a primeira preocupação era sempre a da habitação. A chegada de mais um campo poderá ajudar nos campeonatos esportivos e na interação dos moradores. Obviamente os moradores também necessitam de outros aspectos para poderem viver melhor, pois numa certa forma, lazer envolve também educação, transporte, saúde, segurança entre outros.
Essa é a Vila Irmão Dulce, composta por grandes pessoas como a líder comunitária Neguinha, que deixou de ir ao casamento da filha para nos atender. A vila de dona Rosário que com muitas dificuldades treina um time infantil de forma bastante precária. A vila de seu Egídio, o proprietário do famoso bar Bom Dia, que esbanjou em poucos minutos uma alegria incomparável. A vila onde mora Marta Célia, que chegou em casa seis da manhã, mas oito da manhã já estava pronta para nos receber e caminhar muito. Infelizmente a sociedade cria seus estereótipos com os lugares que ela não conhece e a Vila Irmão Dulce, ao contrário do que muitos pensam, não é o pior lugar para se viver, deixando inclusive, a vontade por uma próxima visita.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Por quê fazer um blog?

A vida é realmente muito engraçada. Lembro-me como se fosse ontem a primeira vez que fiz um curso de informática, pois eu mal sabia ligar um computador e isso não faz muito tempo, foi há mais ou menos dois anos. Eu só ouvia as pessoas falando em e-mail, orkut, flogão. Claro que e-mail eu sabia o que era, mas o restante aí eu fingia. Com o tempo e necessidade aprendi muita coisa, até porque a internet realmente facilita a comunicação com qualquer um. Agora estou eu aqui, criando mais um objeto de comunicação....Quero deixar bem claro que minha intenção não é descrever o meu dia-a-dia propriamente dito, não vou de forma alguma dizer que hoje fiz isso, hoje comi aquilo, hoje acordei tal hora ou coisa e tal. Como estudante de jornalismo minha intenção é procurar escrever com minhas poucas palavras e conhecimentos adquiridos o que entendo sobre o mundo, sobre o que aparecem todos os dias a respeito dele. Confesso que ainda tenho muito que aprender e escrever por aqui poderá ser um belo exercício. E vou aproveitar e mandar meu alô especial pra muita gente que tô com saudades e que sempre gosta do que falo ou escrevo: Samilla(valeu por me valorizar tanto); Larissa(sua alegria é indispensável para todos); Rodrigo(sei que você odeia esse lance de vibe e blog, mas sua consideração é sempre importante); Leila, Pollyanna, Samara(“adoro vcs”...hehehe); Rayanna(sempre sincera com tudo), Amanda, Késsia e Nayrana(grandes amigas do ensino médio-“impossível esqucer vcs”); Manoel(em breve vou escrever os artigos também, viu?); Samira(você acha que iria esquecer de você?). Tem muita gente especial na minha vida, mas nesse momento lembrei apenas desse povo aí...que venham as próximas palavras e espero que vocês se tornem leitores...abração!!!